terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Granada, o começo

Já faz um tempo que estou para escrever sobre Granada, até comecei um post, mas o andamento das coisas por aqui acabou fazendo com que eu o deixasse de lado. Aí acabou que fui passar mais um fim de semana por lá e não existe entidade da cara lavada que não tome vergonha numa situação dessas e se prontifique a contar o que aconteceu, né?

Pois bem, no princípio era o verbo e eu, como uma pessoa organizada que sou, não vou conseguir não seguir a ordem cronológica das coisas, até porque um fim de semana teve (grande) influência no outro. Entonces, sigam-me os bons!

O meu primeiro fim de semana em Granada, foi, na verdade, o fim de uma longa jornada. Era minha primeira semana na Espanha, sem casa, pulando de albergue em albergue com um monte de bagagem, viajando à noite pra conseguir "dormir" e não perder um dia de passeio. Conhecendo meu jeito gordinha de ser, podem imaginar que um caco ainda estava melhor que eu ehehehe

Cheguei super cedo no albergue e não pude fazer logo o check-in. O cara me mostrou o lugar onde podia deixar as malas para dar uma volta, se quisesse, mas por várias razões achei melhor ficar no (quase) quentinho do sofá na "recepção" do hostel. E ainda me deixaram tomar café da manhã \o/

Na alegria que estava, só pensava que tinha sido a maior ideia de jerico ficar perambulando por aí e que só queria chegar logo em Sevilha. Até cogitei esquecer que tinha reserva no albergue e voltar pra cá ainda no sábado, mas lembrei que sou brasileira e não desisto nunca.

Como já tava no inferno, abracei o capeta e resolvi participar do "walking tour" que o barman do albergue oferece todos os dias, à tarde. Era um passeio pra ver os grafites da cidade e umas cavernas. Por que não, né? Mal sabia eu que estaria indo pra um dos passeios mais legais que já fiz até agora.

Saímos do albergue e fomos andando pelas ruazinhas estreitas de Granada, subindo escada, ladeira, botando os bofes pra fora e quase pedindo pelo amor de quem quer que fosse que aquilo acabasse logo, mas a cada canseira que dava a vista ficava mais bonita e eu tomava coragem pra continuar (sem babaovice nem bobagem nenhuma, mas ter feito o exame de faixa do Krav Maga foi fundamental no processo todo).


Grafite nas ruelas de Granada
Granada vista de cima - ainda na 1ª parada

Passamos por dois mirantes, o de San Cristóbal e o de San Nicolás. Os dois com vistas belíssimas da cidade, claro, "amparada" pela Serra Nevada.

Generalife, à frente, e a Serra Nevada ao fundo - vista do Mirador de San Cristóbal

Continuamos subindo até chegar ao bairro de Sacromonte, onde estão as cavernas hippies da cidade. O guia contou que ele é um dos poucos que pode levar gente lá porque morou um tempo com a galera. E que o bairro de Sacromonte, na verdade, era como uma outra cidade, construída pelos ciganos, que só podiam ficar na cidade durante o dia e tinham que ir para fora dos portões quando esses fossem fechados - não sou boa de data nem tô afim de pesquisar no google agora, mas acredito que todos saibam que, em alguma época no passado, as cidades eram rodeadas por muralhas e havia portões controlados, para que ficassem protegidas dos invasores.

Caso ainda não tenham entendido, há, em Granada, um monte no qual, há algum tempo, as pessoas "constroem" cavernas e fazem delas suas casas. Vivem de graça, num esquema altamente roots, e aceitam qualquer pessoa que queira viver com eles - não me perguntem como é o esquema com eletricidade, banho e demais coisas da vida moderna. O que sei é que vi algumas placas de energia solar numas casas e o guia disse que tem um rio no qual eles podem se banhar - considerando o frio que fazia lá, acredito que isso só venha a acontecer lá pra março ehehehe

Fim de tarde no Sacromonte - essas casinhas bonitinhas são todas cavernas habitadas por hippies Oo

Por fim, descemos pelo Camino de Sacromonte, uma rua por onde passam carros e que faz a ligação do monte com a cidade. É também onde estão as melhores e mais caras casas de flamenco de Granada - em uma delas, a Cueva La Rocio, tem uma foto dos artistas com a Sra. Obama, que esteve lá em sua última visita à Espanha. Chique, né?

Grafite feito por "El Niño de las Pinturas", um dos grafiteiros mais famosos de Granada, em homenagem a Enrique Morente, grande cantor de flamenco.

Ao final do passeio, estávamos famintos e fui com uma polonesa e um inglês comer umas tapas* num restaurante chinês (como não amar a Espanha, hein?).

Vou ficando por aqui e espero amanhã conseguir contar como foi o outro fim de semana em Granada. Tem muita coisa acontecendo por essas bandas de cá, quero escrever muita coisa, mas acabo ficando sem tempo/com preguiça de sentar e escrever.

Pois pois, beijo grande pra você que chegou até aqui ahahahha

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*Tapas são como "tiragostos" e são muito comuns aqui na Espanha, especialmente na região da Andaluzia - onde estão Sevilha e Granada. Nesta última, ainda existe a tradição de servirem uma tapa com qualquer bebida que você peça, sendo que em alguns lugares você pode escolher o que quer comer e, em outros, não. Pra quem ainda não entendeu, é o seguinte: você chega num bar, pede uma cerveja/sangria/coca-cola/água (+- 2 euros) e, com isso, vem um pratinho de tiragosto.


2 comentários:

  1. Gordinhaa,

    Pirei nas cavernas e nos grafites! Que massaaa!

    =***

    Manuzinha

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  2. Que massa essa comunidade hippie, nunca tinha ouvido falar nisso!

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